A indústria de celulares não pretende reduzir os preços cobrados dos consumidores no Brasil. Em uma entrevista exclusiva ao Tecnoblog, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que as margens de lucro são “muito apertadas” e que não há abuso nos valores praticados.
Barbato representa empresas de grande porte como Apple, Motorola, Samsung e DL, a distribuidora oficial da Xiaomi no país. Ele respondeu de forma enfática quando questionado sobre a luta contra os celulares piratas, que já representam cerca de 25% do mercado nacional. Esses dispositivos entram no Brasil de forma clandestina, sem recolher impostos e sem oferecer suporte técnico.
Os leitores frequentemente criticam o alto custo dos smartphones no Brasil. No entanto, Barbato defende que a indústria gostaria de vender mais barato, mas a carga tributária no país é “absurda”. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), os impostos representam 37,5% do preço final de um smartphone de ponta, e com a carga tributária indireta, esse valor pode chegar a 68,8%.
Por que a indústria de celulares não vai reduzir os preços no Brasil?
Barbato argumenta que a indústria brasileira precisa de uma “concorrência leal” e não se opõe à importação de eletrônicos, desde que seja feita de forma honesta. Ele explica que, se o imposto de importação fosse retirado, as empresas não teriam incentivo para produzir localmente, tornando-se importadoras.
O foco do empresário é o chamado Custo Brasil, que torna mais fácil para muitas fabricantes importar do que produzir internamente. De acordo com a Abinee, o faturamento do mercado formal de smartphones cresceu 3% no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado, devido ao reajuste de preços. No entanto, o total de vendas caiu 2%, de 9 milhões para 8,8 milhões de unidades.
Combate à Ilegalidade
Representantes da indústria têm buscado sensibilizar as autoridades para as dificuldades enfrentadas. Recentemente, a Anatel anunciou novas regras para combater a ilegalidade. Os principais alvos são market places como Amazon e Mercado Livre, onde os celulares piratas são comercializados. Essas plataformas poderão enfrentar multas diárias de até R$ 6 milhões e, em casos extremos, o bloqueio total dos sites.
A Amazon se disse “surpresa” com o plano de conformidade da Anatel. O presidente da agência, Carlos Baigorri, destacou que a medida extrema de bloqueio só será usada se as plataformas não colaborarem com as novas regras.